Em depoimento, os cinco presos deram poucas informações à polícia.
Eles deixaram Alcaçuz e aguardam transferência para outra penitenciária.
Independente do que querem os presos, o governo do estado já disse que a intenção é transferir os detentos para presídios federais.
Depoimentos
De acordo com o delegado-geral adjunto, Correia Junior, os chefes da facção falaram pouco, mas "deram informações importantes".
“Flagranteamos essas pessoas apontadas como líderes, e a partir disso iremos apurar tudo o que aconteceu ali em Alcaçuz. Os autores desses crimes precisam ser responsabilizados e para que isso aconteça estamos trabalhando para a identificação desses e dos demais participantes”, destacou a diretora de Polícia Civil da Grande Natal (DPGRAN), Sheila Freitas.
Polícia está em Alcaçuz para transferência de presos (Foto: Everton Dantas/NOVO)
Nesta quarta (18), 120 presos foram transferidos da Penitenciária
Estadual de Parnamirim para o Presídio Raimundo Nonato. A expectativa é
que presos de Alcaçuz sejam transferidos para o PEP.A Penitenciária Estadual de Alcaçuz foi palco de uma rebelião de mais de 14 horas entre sábado e domingo (15) que deixou 26 mortos. Desde então a situação é tensa na unidade.
Os integrantes do Sindicato do RN, a mais numerosa organização criminosa do estado, estão em confronto com o Primeiro Comando da Capital (PCC), que domina um dos cinco pavilhões de Alcaçuz. Detentos das duas facções rivais estão soltos dentro da penitenciária.
Presidiários
fazem uma fogueira na noite de terça-feira (17) durante rebelião na
Penitenciária de Alcaçuz, perto de Natal, no Rio Grande do Norte (Foto:
Andressa Anholete/AFP)
Assim como tem ocorrido desde a matança, vários detentos passaram a
noite desta quarta-feira sobre os telhados dos pavilhões. Outros fizeram
fogueiras. Desde 2015, Alcaçuz não tem grades nas celas, destruídas
durante uma rebelião. Antes, elas existiam, mas ficavam abertas (veja como é o funcionamento de Alcaçuz).O Rio Grande do Norte foi o terceiro estado a registrar matanças em presídios deste ano no país. Na virada do ano, 56 presos morreram no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Outros oito detentos foram mortos nos dias seguintes no Amazonas: 4 na Unidade Prisional Puraquequara (UPP) e 4 na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal. No dia 6, 33 foram mortos na Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc), em Roraima.
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, classifica o massacre em Alcaçuz como "retaliação" ao que ocorreu em Manaus, onde presos supostamente filiados ao PCC foram mortos por integrantes de uma outra facção do Norte do país.
“Até hoje, nunca tinha havido um confronto dentro dos presídios entre PCC e Sindicato do Crime RN. Virou uma guerra. Começou no Amazonas, isso é uma retaliação. Essa briga não é do RN, é uma retaliação do que aconteceu no Amazonas, é uma vingança ao caso do Amazonas e aconteceu no meu estado, infelizmente”, lamentou o governador.
Segundo o governo federal, as Forças Armadas irão entrar nos presídios para fazer inspeções de rotina e buscar materiais proibidos. A ida de militares para os estados dependerá do aval dos governadores.
“Haverá inspeções rotineiras dos presídios com vistas à detecção e à apreensão de materiais proibidos naquelas instalações. Essa operação visa a restaurar a normalidade e os padrões básicos de segurança dos estabelecimentos carcerários brasileiros”, disse o porta-voz da presidência, Alexandre Parola.
Rebelião
Segundo o secretário de Justiça e Cidadania (Sejuc), Wallber Virgolino, a rebelião em Alcaçuz começou na tarde do (13) logo após o horário de visita. O secretário disse que os presos do pavilhão 5, que abriga integrantes do PCC, usando armas brancas, quebraram parte de um muro e invadiram o pavilhão 4, onde há presos que integram o Sindicato RN.
Na segunda-feira, os presos amanheceram em cima dos telhados dos pavilhões com paus, pedras e facas nas mãos, além de bandeiras com as siglas de facções criminosas. A Sejuc nega que a rebelião tenha sido retomada. Por volta das 11h50 a Polícia Militar entrou na área dos pavilhões e os detentos desceram dos telhados.
Na terça (17) os presos voltaram a se rebelar. A Polícia Militar usou bombas de efeito moral e armas com munição não letal para conter os detentos. Eles seguem soltos dentro da unidade prisional, mas não há confronto entre as duas facções.
Além dos 26 mortos, o governo do estado confirmou que existe a suspeita de que haja mais corpos dentro da unidade e que o Corpo de Bombeiros fará a busca dentro da fossa. Oito corpos haviam sido identificados até a última atualização desta reportagem.